Alimentação

Crianças a partir de 2 anos têm menos apetite

Muitos adultos preocupam-se com um possível problema de saúde quando as crianças, em torno dos dois anos de idade, apresentam diminuição do apetite. Será que está doente? Isso é normal?

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o ritmo de crescimento diminui nessa fase da vida, em relação aos 24 meses iniciais. Por isso, existe uma necessidade nutricional menor, o que se traduz em menor apetite.

Fase de transição

Entre os dois e os seis anos de idade, a criança atravessa uma transição entre completa dependência para uma progressiva independência. É um momento de adaptação também para os adultos, que podem tomar atitudes imperativas potencialmente problemáticas.

A SBP alerta sobre pais que tentam obrigar os filhos a comer, o que pode favorecer a obesidade. Além disso, comportamentos coercitivos podem levar a distúrbios alimentares em períodos posteriores.

Amo x odeio

Além do apetite menor, a alimentação das crianças até seis anos é também muito imprevisível, alertam pediatras. Assim, mesmo com apetite menor do que antes, pode haver alta variação na quantidade de alimentação em diferentes períodos.

E não é só na quantidade: a aceitação dos alimentos também varia bastante. Assim, em um dia a comida é a favorita, no outro, recebe “cara feia”.

É preciso que os adultos entendam essas características, de modo a estimular uma alimentação nutritiva e saudável desde o início. Cores, texturas e aromas são bons estimulantes para os pequeninos.

Gosto ou “frescura”?

Na fase dos dois aos seis anos, a criança pode apresentar dois comportamentos bem comuns: neofobia e picky/fussy eating. Na primeira, a criança “não gosta” de tudo o que é novo. Na segunda, a criança não gosta “de nada” e acaba tendo pouca variedade alimentar.

A SBP alerta que os dois comportamentos podem aparecer juntos. Comer muito devagar, brincar ou não se importar com os alimentos e ter comportamentos inadequados à mesa são sinais desses comportamentos.

Mas é preciso lembrar de que outros fatores podem influenciar a criança: logo depois de brincar, ou quando está muito agitada, por exemplo, a criança pode recusar alimentos de imediato. Além disso, no verão é comum ter menos apetite do que no inverno.

Para lidar com a neofobia, a recomendação é que a criança experimente o alimento. Não uma vez, nem duas: de oito a dez, segundo especialistas. Assim, mesmo que seja uma quantidade pequena, é possível conhecer o sabor e saber se gosta ou não.

Quando a criança é “picky/fussy”, é preciso incentivá-la a variar a alimentação. Se a insistência a um determinado alimento é grande, a recomendação é oferecer outro de valor nutricional semelhante, de modo que o gosto pessoal da criança seja respeitado. Mudar o modo de preparo é uma opção para que o alimento apeteça à criança.

Respeito

Pediatras alertam que é importante, na medida do possível, permitir que a criança tenha preferências alimentares, e que possa ingerir a quantidade que seu organismo julga necessária. Isso, aliás, é tido por profissionais como um direito fundamental dos pequenos.

Além disso, há um outro alerta: gostar de doces é inato. Os demais sabores precisam são “gosto adquirido”, mas doces são universais. Por isso, são os adultos que devem impor limites de quantidade e de horários.

A recomendação é de que a criança faça refeições em horários fixos, com intervalos de duas a três horas. Além de respeitar a quantidade que a criança quer comer, é importante também retirar a comida após um período determinado, só voltando a oferecê-la na próxima refeição.

Finalmente, o aspecto psicossocial pode afetar o apetite. Além de cores e texturas, sentir-se parte da família na hora da refeição pode influenciar o apetite da. E mais: a família é modelo de alimentação. Em outras palavras, ver a forma e a escolha dos outros membros da família vai ser estímulo para que a criança desenvolva suas próprias preferências.

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